9:00 horas
Abro os olhos e sinto que é mais tarde do que deveria ser. Passo a mão na minha barrigona de grávida e me sinto absolvida por ter perdido um pouco a hora em plena quinta-feira.
10:30 horas
Olho em volta e, sinceramente, não sei por onde começar: roupas, louças, e-mails ou encomendas... Decido fazer primeiro uma massa de brigadeiro tradicional e deixá-la esfriando enquanto ajeito as coisas. Já dei uma olhadinha no Facebook e por lá, muitas mensagens pelo Dia Internacional da Mulher. Seria bom levar uns docinhos extras para o Bazar Gourmet, afinal toda mulher é louca por brigadeiros, não é mesmo?
10:40 horas
Toca o telefone. É o Bruno, um cliente que encomendou caixinhas de cupcakes ontem. O que será que deu errado? Sinto um frio no estômago, ainda cheio com o café da manhã tardio. Ele queria dizer que todos adoraram os cupcakes! Sinto um pouco de vergonha de ter pensado ao contrário... Será que é por que sempre temos uma crítica prontinha, alojada na ponta da língua, mas um elogio, uma delicadeza parecem ser tão mais difíceis de se fazer? Ele ainda quer me convidar para participar de seu programa na Rádio Cultura HD, com a apresentadora Mônica Cunha. Quando? Hoje. Hoje? Sim, tenho que estar lá até às 12:15. Ele pergunta como está minha agenda...
10:44 horas
Olho em volta novamente e minha casa mais parece uma vítima do Tsunami da Ásia. Olho para o meu filho e ele ainda está de pijama, deitado no sofá, assistindo aos seus desenhos, indiferente aos meus olhos e à minha agenda. Olho para minha massa de brigadeiro, ainda morna, e concluo que é preciso esperar mais um pouco para enrolar os docinhos. Volto ao telefone e respondo: "Minha agenda? Tranquila! Claro que irei! Pode contar comigo!"
11:23 horas
Consegui tomar um banho e o Gustavo, quase que por um milagre, arrumou-se sozinho para ir à escola. "Por que você vai na Rádio, mamãe?" "Para divulgar meus docinhos, filho." "Você toma lanche na cantina hoje?" "Pegou sua sunga?" "A tarefa está na mochila?" "Pode entrar no carro!" Decidi enrolar uns docinhos para levar em vez de secar o cabelo. Ainda bem que ninguém vai me ver e eu quero tanto levar uns brigadeiros. Não tem graça falar de brigadeiros sem experimentar. Foi melhor mesmo enrolar uns brigadeiros.
11:55 horas
O calor me obriga a manter as janelas abertas e o vento que entra no carro está secando meu cabelo num estilo Tina Turner. Começo a me arrepender de não ter usado o secador. O que será que eles vão me perguntar? Talvez fosse melhor eu ensaiar um pouco. Acho que vou falar assim. Assim não, assado. Nossa, eu vou conhecer a Mônica Cunha! Acho a voz dela tão bonita, vou falar das crônicas da Cult e do Programa Bem Estar. Bem Estar não... Bem Viver! Sempre confundo! Não posso esquecer de entregar meus cartões. Ai meu cabelo!
12:09 horas
"Começa agora o EM PAUTA, com Mônica Cunha!" Como assim? Ainda faltam 6 minutos e eu ainda estou na Rondon Pacheco! Meu Deus, é maldade fazer uma grávida de 8 meses correr assim! Umas semanas a mais e eu chegaria lá com 7 dedos de dilatação! Começa não, Mônica, põe uma musiquinha! Isso, Ana Carolina é bom e eu ainda tenho que descobrir exatamente onde é o estudio. E também passar um pente no cabelo.
12:17 horas
Estúdio de gravação. Abraços, beijos e brigadeiros. Meu coração está disparado e tento respirar devagar para minha voz não sair afobada no ar. Querem saber a minha história, por que decidi me dedicar aos brigadeiros. Explico que a decisão tem a ver com a vontade de me dedicar tambem à família. Tempo. Ter os olhos em tudo e em todos. Ser mulher, não tem jeito, com ou sem filhos, de longe e de perto, como somos parecidas. Penso nas centenas de e-mails de mulheres pedindo minha ajuda para montar um negócio como o meu, porque querem trabalhar em casa, estar mais perto, mais presentes, simplesmente estar... Elogios. Acham minha história inspiradora. Sinto os olhos marejados e respiro para não cair na tentação de chorar. Por um momento, pareço ser uma ouvinte da minha própria história. E tudo parece ser novo também para mim. Gosto da Mônica, imediatamente. Tenho vontade de fazer um bolo de chocolate para ela. Eu e minha mania de dar comida de presente. Tenho que parar com isso!
12:55 horas
O programa tem que acabar, os minutos são contados numa Rádio. Deu vontade de perguntar para o Bruno a que horas eu tenho que chegar amanhã. Como passou depressa! Trocamos telefones, e-mails e tiramos fotos. A vida segue e temos que deixar o estúdio para os próximos apresentadores. Droga, esqueci de entregar os cartões! Entro no carro e apesar de ter passado a hora do almoço, eu não sinto fome. Na verdade, não sei o nome do que sinto. Estou plena, de alimento, de pensamentos, de sentimentos. Desligo o rádio e dirijo bem devagar para aproveitar o silêncio, dentro e fora de mim. Aproveitar o tempo que tenho para sentir. Tempo, tempo, tempo... Será que o nome disso é felicidade?
4 comentários:
Que linda... saudades dos seus textos...sempre tao cheios de emocao... te amo! bjos
Simplesmente amei...
LINDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Adorei o relato do seu dia... pude vivenciar nas palavras cada sentimento (dúvida, medo, insegurança e a conclusão: felicidade!!)
Ouvi o programa neste dia e adorei... domingo num aniversário lá estava meus brigadeiros maravilhosos!
Paraéns pelo trabalho que tem feito!
Beijos
www.jeitinhos.blogspot.com
(ah.. passa lá pra conhecer meu cantinho... lá eu compartilho um pouquinho dessa louca e amável vida de mãe)
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