Receita de felicidade!

Cá estou eu, só a capa do Batman, depois de uma semana com muitas encomendas e prazos para cumprir, curso no Senac e dia das mães... Quando tudo termina e a última encomenda é entregue, bate no peito um sentimento de satisfação por tudo ter dado certo, alívio por tudo ter sido entregue e curiosidade para saber se todos gostaram dos doces que fizemos com tanto carinho.

Se engana quem pensa que a rotina num ateliê de brigadeiro é moleza: telefone tocando, panelas fervendo, entregador vai, entregador vem, gráfica na porta, orçamentos, e-mails, novidades no blog, no site, no facebook e twitter, cálculos de gastos, de preços, de vendas, cadê as bandeirinhas, tira o doce da geladeira! E muita gente ainda acha que só fazemos brigadeiro! 

E quem me conhece de perto, sabe que além de todas estas tarefas, minha cabecinha ainda vive cheia de minhocas mirabolantes andando de um lado para outro, pensando, querendo, sonhando...

Fico pensando em tudo que se tornou a minha vida depois que comecei a fazer brigadeiros para vender, as coisas que aprendi e como minha vida mudou. Não estou falando só da parte financeira, que melhorou, é claro, mas de tudo que a profissão de doceira me proporcionou.

Durante o curso do Senac foi engraçado ver a perplexidade de algumas alunas diante da simplicidade de minhas receitas. "Mas é só isso?", escutei algumas perguntarem. Imagino que esperavam por modelos e fórmulas secretas, responsáveis por todo o sucesso e reconhecimento. Imagino que pensaram que sabem fazer igual ou até melhor do que eu faço. Não duvido.

Acho engraçado apenas ver as pessoas procurarem fora o que, na verdade, deve ser encontrado dentro de nós.  Quando comecei a fazer brigadeiros, apenas procurei fazer o doce que eu mais gostava de comer. O meu doce, com o meu sabor. E é esse mesmo brigadeiro que hoje recheia e enfeita centenas de festas que cruzam o meu caminho como doceira. 

Fora o que sou, o que sinto e que coloco nele de mim mesma, é apenas brigadeiro. Leite condensado, chocolate em pó e margarina. Como se ensina a criatividade, as ideias, a inventar? Quem disse que o que é simples, é fácil? Por que fazer tudo do jeito que os outros já fizeram? Sempre acreditei que fazer exatamente o que os outros já fizeram, apenas me levaria até onde os outros já foram...

Minhas alunas têm razão. É mesmo de espantar o que essas receitas já fizeram por mim nesses últimos 3 anos e a cada dia me surpreendo com a nova direção que minha vida parece tomar. 

Num dia como esse, sentindo o cansaço físico e mental de uma dura semana de trabalho, procuro relaxar escrevendo para vocês, comendo o restinho de brigadeiro cremoso da última encomenda e olhando a fotinha que ganhei do meu filhote de presente de Dias das Mães. Pensando nele agora, depois de tooooodo esse desabafo, só consigo concluir que, no final, todos esses esforços que fazemos dia após dia - eu, você - é apenas para fazermos a vida de nossos pequenos mais doce. Não é verdade?